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Palestra do governador do Ceará, Camilo Santana, marca abertura do XXX CBA

“Depois de 46 anos, o Ceará registra novamente este momento histórico ao receber, pela segunda vez, o Congresso Brasileiro de Agronomia, trazendo orgulho para todos nós, sobretudo pela importância da atividade agronômica em prol do desenvolvimento sustentável, da produção de alimentos e da utilização do potencial da agricultura”. As palavras são do governador do estado, o engenheiro-agrônomo Camilo Santana, que foi agraciado com a Medalha Guimarães Duque e proferiu palestra, na manhã de ontem, na abertura do XXX Congresso Brasileiro de Agronomia (CBA), que prossegue até a sexta-feira, no Marina Park Hotel, em Fortaleza.

 A concessão da Medalha Guimarães Duque, maior comenda da agronomia cearense, foi concedida em comemoração aos 90 anos da Confederação das Associações de Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), entidade promotora do XXX CBA, com realização da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado do Ceará (Aeac). Promovido a cada dois anos, o congresso veio, pela primeira vez, para a capital cearense em 1971, em sua sétima edição.

Guimarães Duque foi um dos maiores estudiosos e pesquisadores do semiárido nordestino, professor universitário, autor de vários livros e diretor da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), atual Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Na ocasião, além dessa comenda, mais oito personalidades receberam placa de prata pelo apoio dado ao congresso e pelos serviços relevantes prestado à agronomia, dentre elas o presidente do Crea-CE, que recebeu sua placa diretamente das mãos do governador e, em seguida, falou em nome do homenageados.


  

O governador lembrou que o Ceará atravessa o sexto ano de estiagem, daí a maior relevância da escolha do tema central do XXX CBA, “Segurança hídrica: um desafio para os engenheiros-agrônomos do Brasil”. Assim, considerou que a temática não poderia ser mais apropriada. “A agronomia é a modalidade das engenharias que, certamente, tem muito a contribuir no enfrentamento dessa questão”, disse. Sobre a Medalha Guimarães Duque, acrescentou: “para ser merecedor de tamanha homenagem, sinto-me cheio de orgulho e de satisfação, e, também, de responsabilidade”.

Em sua palestra, o governador informou que, mesmo sendo um dos estados brasileiros com maior capacidade de armazenamento de água, a ocorrência de chuvas abaixo da média nos últimos seis anos leva o Ceará a quadro crítico e de muita preocupação. “O Açude Castanhão, que garante o abastecimento de água da capital, está com apenas quatro por centro de sua capacidade”, comentou, apresentando aos presentes um gráfico intitulado: “Histórico aporte hídrico dos açudes gerenciados pela Gogerh”.


PRODUÇÃO AGRÍCOLA

“Temos expertise em gerenciamento de recursos hídricos, mas a situação exige mudança comportamental da sociedade, com a finalidade de evitar desperdícios”, frisou, recomendando que esses cuidados devem ser adotados, também, na produção agrícola. “É necessário o esforço de todos”, disse Camilo Santana, informando que várias alternativas vêm sendo estudadas com o objetivo de evitar a adoção do racionamento de água na capital.

O nível de organização dos comitês de água no Ceará foi elogiado pelo governador. “Eles exercem um processo democrático na gestão dos recursos hídricos, e garante a participação da sociedade nessa discussão”, observou, explicando que o reúso de águas deve ser instituído como política pública. Adiantou que o governo do estado está encaminhando processo licitatório para construir a maior usina de dessalinização de águas do País, isso em parceria com a iniciativa privada.

“Os desafios são muitos e em muitos deles o papel do engenheiro-agrônomo é de maior importância”, salientou, ressaltando: “O Brasil não será sustentável se não investir em educação”. Por último, elogiou os organizadores do CBA pelo nível e relevância das discussões que serão realizadas nos próximos três dias.

Na solenidade de abertura do maior evento da agronomia brasileiro, o presidente do Congresso e presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Ceará (Aeac), José Flávio Barreto de Melo, enfatizou que o XXX CBA reúne este ano em torno de 1.300 participantes, entre engenheiros-agrônomos e 850 estudantes de vários estados do Brasil, inclusive da Ásia.


Segundo José Flávio Barreto de Melo, 900 trabalhos técnicos foram inscritos e cerca de 650 selecionados pela comissão técnica que foram apresentados em forma de e-post e publicados nos anais do Congresso. O presidente da Aeac falou, também, de sua felicidade em contribuir para a organização do evento, que ficará encerrado com a plenária prevista para as 17h30min do dia 14, com a apresentação da Carta de Fortaleza. No dia 15, serão realizadas apenas as visitas técnicas em seis locais diferentes.

“Hoje temos uma produção de alimentos acima das demandas do crescimento populacional graças ao avanço tecnológico”, disse o presidente da Aeac, informando que a produção de grãos do Brasil é suficiente para alimentar quatro vezes sua população. Finalizando sua mensagem de boas vindas aos congressistas, Flávio Barreto destacou as atividades exercidas pelo engenheiro-agrônomo, que é “o grande responsável pela produção de alimentos de origem animal e vegetal, contextualizada no respeito ao meio ambiente, à biodiversidade e à vida”. Salientou que o exercício dessa profissão engloba ações voltadas, ainda, para o empreendedorismo, inovação, tecnologia, sustentabilidade, competência e competitividade.



90 ANOS DA CONFAEAB

“O I Congresso Brasileiro de Agronomia aconteceu em Piracicaba, São Paulo, entre os dias 22 e 24 de novembro de 1935 e lançou as sementes que ainda germinam nesta solenidade de abertura do XXX CBA”, salientou o presidente do Conselho Federal de Associação de Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), Ângelo Porto Neto. Em sua fala, destacou, também, a importância significativa do início das comemorações dos 90 anos de existência da Confaeab, instituição máxima representativa dos engenheiros-agrônomos brasileiros e que foi fundada em 11 de agosto de 1927, no Rio de Janeiro.

Na abertura do CBA, enfocou, ainda, algumas questões referentes à classe. “Hoje, nos deparamos com diversas engenharias que fatiaram a profissão”, disse, observando que a qualidade dos cursos ofertados e a quantidade de disciplinas também preocupam, assim como a ausência de um maior revigoramento do associativismo. “Este é o dever de casa que deixo para as nossas entidades”, disse Angelo Petto, que foi seguido pelo presidente da Caixa de Assistência dos engenheiros (Mutua), Paulo Roberto Guimarães Queiroz e a todos desejou êxito no evento.



HOMENAGENS E AGRADECIMENTOS

Seis personalidades receberam uma placa de prata pela relevância de seu trabalho para a realização do congresso: Flávio Viriato de Saboya Neto, presidente da FAEC; Victor Frota Pinto, presidente do Crea-CE; Cláudio Matoso Lima, ex-presidente da Aeac; José Tadeu da Silva, presidente licenciado do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia; Daniel Antonio Salatti, presidente em exercício do Confea; conselheiro federal Célio Moura; conselheiro federal do Confea, Ésio Nascimento e Silva (in memorian) e ex-presidente da Aeac.


Coube ao presidente do CraeC-CE, Victor Frota Pinto, falar em nome homenagens. Agradeceu em seu nome e em nome dos demais o reconhecimento, bem como ratificou importância do CBA e da temática que foca na segurança hídrica. “O dia de hoje é uma data das mais significativas para todos nós que fazemos o Sistema Confea/Crea no Ceará. Pela segunda vez, Fortaleza tem a honra de receber o Congresso Brasileiro de Agronomia. A data, também, nos remente a importância para a sociedade da atividade da engenharia agronômica, modalidade da engenharia determinante ao bem-estar social e ao desenvolvimento sustentável”, citou o presidente do Crea-CE.

Nunca será lugar comum reiterar o quanto a agronomia e todos aqueles que a exercem são relevantes para a sociedade, reiterou. “A atividade agronômica está, diretamente, ligada ao manuseio e à intervenção do homem na agricultura e na pecuária, e tem papel decisivo na preservação dos ecossistemas e do meio ambiente”, frisou Victor Frota Pinto.

Se, no passado, a agronomia estava restrita à área rural, atualmente o cenário mudou, enfatizou o presidente do Crea-CE. “Há anos, esses profissionais vêm conquistando maior reconhecimento na sociedade”, citou. Hoje, a agronomia relaciona-se com mais de 50 áreas de atuação, que englobam também atividades como agricultura, irrigação, pecuária, zootecnia, economia rural e agronegócio, além de incluir negócios, produção, pesquisa e exportação.

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Victor Frota encerrou sua fala agradecendo e lembrando: “Aqui, não poderíamos deixar de ressaltar a decisiva atuação e dedicação do presidente Aeac, o engenheiro-agrônomo José Flávio Barreto de Melo, na realização e organização do Congresso Brasileiro de Agronomia. Por último, rememorar que estamos realizando um sonho há muito acalentado pelo inesquecível e saudoso profissional Ésio do Nascimento e Silva”.

Entre as autoridades presentes ao primeiro dia do congresso, destacam-se ainda: os secretários estaduais de Ciência e Tecnologia, Inácio Arruda, da Casa Civil, Nelson Martins, do Meio Ambiente, Artur Bruno, deputados Tim Gomes e Manoel Duca, a prefeita de Boa Viagem engenheira-agrônoma Aline Viera, o conselheiro federal do Confea, Célio Moura, presidente da Academia Cearense de Engenharia, Antônio de Albuquerque Souza Filho, presidente da Faec, Flávio Viriato de Saboya, Superintendente do SENAR-CE, Sérgio Oliveira da Silva, Maria Luíza Rufino, superintendente regional do MAPA no Ceará, coordenadora do Centro de Ciências Agrárias da UFC, Sônia Maria Pinheiro da Silva.


Mozarly Almeida,
Assessora de Imprensa do Crea-CE

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